terça-feira, 17 de março de 2020


LIVROS PARA COMBATER A PANDEMIA


A Imprensa Nacional / Casa da Moeda decidiu enfrentar o flagelo da pandemia oferecendo uma espécie de «curso cultural intensivo» dividido em 15 fascículos, tantos quantos os títulos da colecção «O essencial sobre...». Dante Alighieri (por António Mega Ferreira), Montaigne (por Clara Crabée Rocha), Picasso (por José-Augusto França), Walt Whitman (por Mário Avelar), Vergílio Ferreira (por Hélder Godinho), Mário Cláudio (por Martinho Soares), Jorge de Sena (por J. Fazenda Lourenço), Álvaro Siza Vieira (por Margarida Cunha  Belém),e «O Coração» (por Fernando Pádua), são alguns dos títulos oferecidos (citei os que conheço). «A evolução da pandemia do COVID-19 implica a adoção de planos de contingência com medidas que afetam todas as áreas da nossa vida em sociedade. Consciente de que muitos de nós estaremos nos próximos tempos em isolamento social, a Imprensa Nacional dá cumprimento à sua missão de serviço público - preservar e divulgar a memória e o património comuns - antecipando a disponibilização dos seus conteúdos digitais. Agora, como sempre, a Imprensa Nacional mantém o compromisso de serviço público com a cultura portuguesa, disponibilizando os mais recentes títulos da coleção «O Essencial Sobre...». Um aplauso para a iniciativa. 



«Depois de Picasso e Chaplin não existe mais ninguém para significativamente morrer na cultura ocidental», escreveu Paul Éluard. Em «O Essencial sobre Pablo Picasso» (IN/CM, 2016), o último dos cem livros publicados por José-Augusto França (n. 1922), o grande historiador de arte acrescenta: «ilustres foram outros, entre artistas, sábios e governantes, mas nenhum deles sagrado porque não chegou aonde é impossível chegar (...). Criador do Cubismo, com Braque, o processo criativo de Pablo Picasso (1881-1973), contínuo e extremo na ‘construção-deconstrução’ formal, determinou toda a arte de Novecentos, pontuada em 1937 pela obra-prima da pintura da História do nosso tempo, Guernica -- ícone do século XX». Uma arte sempre comprometida, pois, e «no patamar do impossível»: como dizia o próprio Picasso em 1945, «a pintura é um instrumento de guerra ofensiva e defensiva contra o inimigo». No projecto editorial 'Biblioteca José-Augusto França', lançado pela IN/CM e previsto para 16 volumes, está indelevelmente expressa essa figura de veneração absoluta de Mestre França, para ele o pintor que habitou o impossível.